Saudades do que não tenho
Saudades do que não vi
No estirador esboço um desenho
De um sentimento afeiçoado a ti
E é lá que nasce tudo
E é lá que quem fala sai mudo
E é lá que quem vê sai cego
E é lá que surge o apego
Por ti
E para quê falar se não for contigo
E para quê ver se não for a ti
E com quem irás ficar se não for comigo
E para onde ir se não for para aí
Onde tu estás
Saudades do que nunca senti
Saudades do que nunca vivi
No estirador fico a aguardar
Quem me imobiliza com um mero olhar
E é lá que nasce tudo
E é lá que quem ouve sai surdo
E é lá que quem mói sai moído
E é lá que se fica perdido
Por ti
E para quê ouvir se não for a tua voz
E para quê moer se não por ti
E por quê sorrir se não for por nós
E onde estar se não for aí
Onde tu também estás