Hoje resolvi mudar a rotina. Em vez de andar a pé para os destinos do dia resolvi mudar o meio. Ao invés da porta usei a janela. Ao invés da rua usei o ar. E segui...por entre os trilhos do vento, vendo tudo do alto. Vi as pessoas a deslocarem-se, os carros parados num transito infernal. Vi as nuvens, vi a chuva, vi o sol...e senti-os. Como só sente quem voa, como só sente quem se ergue para o alto.
Acenei a pássaros em vez de a pessoas, desviei-me de gaivotas em vez de carros, e segui, alterando o trajecto. Fui pela praia, fui pela areia. Mas ao cimo. À distância de 3000 pés. E vi-te, por entre inúmeras coisas. Deslocavas-te devagar, sobre a areia e em direcção ao mar. E as ondas...de um azul lindo e irresistivel. Desci a altitude, queria sentir a brisa maritima. Percorri a costa de uma ponta à outra. Sempre à procura de algo, sempre à procura de alguém.
Mudo de ares, parto em direcção ao cume de uma montanha e em bicos de pés olho para baixo, até onde a vista me permite. Eis que vejo a manta de neve a cobrir toda a montanha...um branco lindo e irresistivel. E vi-te, por entre inúmeras coisas. Deslocavas-te num só sopro, sobre a neve e em direcção ao topo.
E passou-se o dia, com uma celeridade imensa. Entre neve e areia densa. E aterro...percorro os caminhos que vi do alto, percebendo-os melhor. Chego à minha rua, procuro a minha porta, abro-a e...