Às vezes há coisas simples que aquecem mais do que o Sol...às vezes há coisas simples que iluminam mais do que a Lua.
Às vezes a simplicidade é o Sol e a Lua a incidirem ao mesmo tempo e a unirem o dia à noite e o frio ao quente...
Às vezes há coisas simples que aquecem mais do que o Sol...às vezes há coisas simples que iluminam mais do que a Lua.
Às vezes a simplicidade é o Sol e a Lua a incidirem ao mesmo tempo e a unirem o dia à noite e o frio ao quente...
Hoje resolvi mudar a rotina. Em vez de andar a pé para os destinos do dia resolvi mudar o meio. Ao invés da porta usei a janela. Ao invés da rua usei o ar. E segui...por entre os trilhos do vento, vendo tudo do alto. Vi as pessoas a deslocarem-se, os carros parados num transito infernal. Vi as nuvens, vi a chuva, vi o sol...e senti-os. Como só sente quem voa, como só sente quem se ergue para o alto.
Acenei a pássaros em vez de a pessoas, desviei-me de gaivotas em vez de carros, e segui, alterando o trajecto. Fui pela praia, fui pela areia. Mas ao cimo. À distância de 3000 pés. E vi-te, por entre inúmeras coisas. Deslocavas-te devagar, sobre a areia e em direcção ao mar. E as ondas...de um azul lindo e irresistivel. Desci a altitude, queria sentir a brisa maritima. Percorri a costa de uma ponta à outra. Sempre à procura de algo, sempre à procura de alguém.
Mudo de ares, parto em direcção ao cume de uma montanha e em bicos de pés olho para baixo, até onde a vista me permite. Eis que vejo a manta de neve a cobrir toda a montanha...um branco lindo e irresistivel. E vi-te, por entre inúmeras coisas. Deslocavas-te num só sopro, sobre a neve e em direcção ao topo.
E passou-se o dia, com uma celeridade imensa. Entre neve e areia densa. E aterro...percorro os caminhos que vi do alto, percebendo-os melhor. Chego à minha rua, procuro a minha porta, abro-a e...
Eis pois hoje que me encontro lúcido e e concentrado a olhar para além da linha do horizonte que vislumbro além mar. Pego num livro que se encontra no degrau junto a mim e folheio-o. Páro na segunda página e vejo lá o prelúdio de uma história. Saboreio cada palavra de cada frase. Formo imagens na minha mente para ilustrarem o que está descrito...continuo...até à última linha, até à última palavra, até à última letra da introdução.
Além mar vislumbro um vulto de algo ou alguém, a mexer-se lentamente. Fixo-o uns momentos e desloco novamente as minhas mãos para o livro. Não o largo mais. Leio-o com a intensidade do Sol a queimar a pele no pico do Verão. Leio-o com rapidez, antes que a noite chegue. Histórias difusas e personagens estranhos no inicio, mas que no final farão parte de mim.
Um crime aconteceu, num momento exiguo e num local afastado. Peças que se vão encaixado e intuições que são lançadas. Consulto o som do mar também, a ver se me sugere uma resposta. Chega-me o som das ondas a rasparem as rochas e a atingirem a areia. Chega-me o som das gaivotas a marcar presença junto ao areal.
Quem roubou quem? Quem se apaixonou por quem? São perguntas que vão surgindo. São mistérios que se vão desvendando, à medida que viro as folhas. Rumo ao fim...
E o mar começa a receber o Sol, em forma de círculo laranja a escurecer. Pouso o livro e aprecio a imagem e os sons que a circundam. Parece um momento de pausa, mas em que nada está parado.
Eis que as luzes dos candeeiros se começam a acender. O cheiro a grelhado começa a aparecer. E tu livro, que tantos mistérios ainda me hás de dar, ficas a apreciar comigo o ambiente como um fiel amigo. Para todo o sempre...